Ex-diretora do presídio de Eunápolis e detento foragido negociavam votos por R$ 100 para beneficiar vereador e ex-deputado federal, diz MP-BA

Foto: Reprodução/Reprodução

As investigações do Ministério Público da Bahia (MP-BA) revelaram um esquema criminoso envolvendo a ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, e o detento foragido Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá”, que estariam negociando votos por R$ 100 para favorecer políticos da região, como o ex-deputado federal Uldurico Jr. (MDB) e o ex-candidato a vereador Cley da Autoescola (PSD), de Eunápolis.

Segundo o MP, Joneuma utilizava sua posição no presídio para articular politicamente em nome de uma organização criminosa baiana. Além disso, ela facilitou a fuga de 16 detentos, em dezembro de 2024, entre eles o próprio “Dadá”, apontado como chefe de facção criminosa com ligações no Rio de Janeiro.

📍 Votos cativos: presos, amigos e familiares

O esquema consistia no fornecimento de “eleitores cativos” – presos provisórios ligados à facção, familiares e amigos – que vendiam seus votos em troca de R$ 100. A contrapartida seria o apoio político do ex-deputado Uldurico Jr. à permanência de Joneuma como diretora do presídio.

As negociações ocorriam dentro da unidade prisional, com encontros cuidadosamente ocultados das câmeras de segurança. A ex-diretora também direcionava demissões e contratações de servidores para manter controle total do presídio e proteger as atividades do grupo.

💔 Relação amorosa e privilégios

As investigações indicam ainda que Joneuma mantinha um relacionamento amoroso com “Dadá”, incluindo encontros íntimos dentro do presídio. Durante sua gestão, presos ligados ao grupo tinham acesso a regalias ilegais, como roupas novas, eletrodomésticos e entrada facilitada de visitantes.

O ex-coordenador de segurança do presídio, Wellington Oliveira Sousa, também foi preso. Ele relatou que a esposa de “Dadá” entrava no local sem revista e que funcionários eram coagidos ou demitidos se não obedecessem às ordens da facção.

💸 R$ 1,5 milhão em propinas

Depoimentos apontam que Joneuma teria recebido valores próximos de R$ 1,5 milhão por sua atuação no esquema, valor negado por sua defesa. A Polícia Civil solicitou a quebra do sigilo bancário da ex-diretora.

Joneuma também responde a um processo de pedido de pensão contra Uldurico Jr., alegando que ele seria pai de seu filho recém-nascido, que vive com ela na cela do presídio de Itabuna.

🛠️ Fuga histórica e novos rumos

A fuga dos 16 presos foi facilitada por acesso a uma furadeira e veículos externos. Desde então, a Força Penal Nacional foi mobilizada para reforçar a segurança em Eunápolis. O novo diretor do presídio, Jorge Magno, foi alvo de um atentado após endurecer as regras da unidade.

A Seap afirma colaborar com as investigações e nega qualquer conivência com privilégios no sistema prisional.

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